Nota do autor Isso é apenas uma mensagem do autor, pode ignorar se preferir. Ola, desculpe se eu parecer ignorante ou irritado, mas é só um ponto de vista que me deixa meio desanimado em alguns pontos. Eu sei que não é obrigação de ninguém, mas é meio desanimador ver os analytics e comparar as visualizações com os comentários. Sei que é comum esse tipo de coisa, mas da a impressão de que eu estou escrevendo apenas para maquinas verem, claro que agradeço a quem comenta e interage, em especial o Paragon e o ClayMan e a toda comunidade do discord. Acho que isso é só um convite pra trocar ideias nos comentários, mas de novo, ninguém é obrigado a nada. Bem, espero que gostem do capitulo, Say ya.
As almofadas eram um pouco desconfortáveis e o
clima quente demais, mas isso não impedia o sono profundo dos quatro amigos.
Eles dormiram bem e acordaram normalmente.
Voltten foi o primeiro a despertar, já fazendo seu alongando para
preparar seu corpo para o dia que estava pela frente. Seguido dele, James
acordou, cumprimentando o amigo e treinando sua visão jogando maçãs nas
bandejas que lá estavam, um treinamento provisório.
Por fim, os dois amigos, que ainda não tinham terminado de comer a carne
estranha do banquete da noite anterior, foram impulsionados por suas barrigas
que roncam de fome e os fazem acordar.
Aquiles e Glans mal acordaram e já foram para os alimentos que logo
foram devorados por completo, restando apenas ossos de uma costela de um
esqueleto animal que um dia já foi vivo.
— Já acordaram? – Perguntou um guarda que tinha acabado de entrar a
sala.
— Ainda estamos um pouco sonolentos, mas já acordamos sim. —Respondeu
James, dando um bocejo de cansaço antes de falar.
— Muito bem, Kaf irá chamá-los logo, é bom que vocês estejam prontos.
— Certo, certo... – Falou Aquiles, limpando com o braço a sujeira
deixada pela comida que devorou. — Aliás, vão servir mais comida?
— Você ainda está com fome? – Questionou Voltten, impressionado e
assustado com o apetite do amigo.
— Usar os meus músculos me dá muita fome. — Respondeu o cavaleiro, em
tom cômico enquanto flexionava seus músculos com orgulho. – E vocês precisam
comer também.
— Embora você não tenha feito quase nada. — Resmungou James de forma
irônica, se escorando na parede da sala.
— Disse alguma coisa!? – Questionou com ar de superioridade, afinal
James não havia feito nada na luta, apenas carregou o corpo de Edward.
— Não, desculpe, esqueci que você não está mais surdo. — Continuou
atiçando
Glans observou a discussão entre os dois, mas teve seu foco roubado por
duas mulheres vestidas com véus roxos, que entraram na sala e retiram as
bandejas de comida vazias de cima da mesa que estavam, junto delas um guarda a
monitorar cada ação.
— Vejo que gostou de nossas mulheres. — Afirmou o humilde guarda,
puxando assunto com o draconato de forma casual.
— Mu-lher? O que ser isso? – Questionou Glans, não sabendo o significado
daquela palavra em específico.
— Como? – Perguntou o guarda tão confuso quanto o draconato.
Voltten logo percebeu o amigo conversando com o guarda e logo o parou.
— Perdoe meu amigo, ele não sabe bem algumas palavras... — Afirmou o
mago, se intrometendo na conversa de forma envergonhada e tentando ser
discreto. — “Fêmeas” Glans, fêmeas.
— Ele parece ter gostado das nossas fêmeas então. – O guarda comentou
com gozação, enquanto as mulheres apenas os ignoravam e continuaram seus
trabalhos.
Glans ficou quieto por alguns segundos enquanto raciocinava. Refletindo
sobre a explicação do amigo e lembrando suas origens históricas e evolução de
espécie, tanto corporal quanto social ele se questionou.
Glans era recluso e tinha padrões diferentes da sociedade normal aos
olhos alheios, mas sua tribo não só praticava como endeusava a monogamia.
— Glans não querer essas fêmeas. — Disse o draconato, compreendendo os
dizeres sugestivos e maliciosos do guarda, mas calando todos os que lá estavam,
seja por demonstrar um livre arbítrio incomum a sua personalidade, por um
possível ultrage social ou por sua contradição intimidar vagamente o guarda sem
intenção.
As mulheres não eram feias. Claramente eram humanas da região, mas ambas
eram incrivelmente bonitas.
Não dava para dizer se elas encararam os dizeres de Glans com raiva ou
rancor, mas ambas ficaram paradas perante ele com um leve medo do olhar de
dragão amarelado.
Todos aguardavam a próxima frase do draconato com paciência e
serenidade.
— Glans já ter fêmea.
— Hum? – James e Aquiles ficaram levemente surpresos.
— Está dizendo que você tem uma esposa, certo? – perguntou o guarda,
confuso com a situação.
— Sim, eu achar... — respondeu Glans confuso novamente. — O que ser
Esposa?
— Não vamos ter falsas ideias. — Sugeriu Voltten tentando acalmar os
confusos que lá estavam, mas tendo confiança no draconato. — Explique-se melhor
Glans.
— Glans ter família... — Ele começou a explicar com receio e vergonha,
tomando a atenção de todos com facilidade. Até mesmo os guardas, que estavam
fora do quarto, entraram para ouvir por curiosidade. — Ter fêmea que ama, ter
pai que ser velho, ter crianças, ter ancião... – Ele parou desanimado ao falar.
– Glans só não saber onde eles estar, mas um dia, Glans vai encontrar eles...
O terminar da fala de Glans foi vago e sem horizonte. O draconato já
pensava em falar isso para seus amigos como prova de confiança, mas não havia
tido coragem para o fazer isso, por isso aproveitou a brecha para tocar no
assunto.
Mesmo que aquilo fosse inconveniente, era um peso tirado dos ombros.
Demorou para cair a ficha, mas Glans aos poucos começou a ver o
reencontro com seus parentes algo cada vez mais distante, cada vez mais ele se
sentia mais só com relação a isso.
Nem mesmo Cérbero sabia como ele estava naquela vila ou como o Priscar entrou
dentro dele. Desde aquele dia, Glans foi inserido em outro meio de viver, outra
cultura, outras modalidades, coisas que para ele era tudo estranho.
Glans estava só, mesmo com o amor de seus amigos que o acolheram mesmo
com as diferenças imensas dele para seus companheiros, ele se sentia vazio por
dentro.
Voltten era o médico, James o arqueiro, Edward o paladino, Varis o
ladino e Aquiles o cavaleiro e Glans... não era nada, só o esquisito. Não
sentia uma função para si em meio ao seu grupo ou naquela sociedade.
Ficava quieto quando os outros conversavam e lamentava cada erro que
cometia, essa era a visão do draconato perante o que ele fazia no grupo.
-- Glans... querer achar
eles... porque... Glans quer ser útil... – Ficou em evidência o desânimo do draconato,
que percebeu sua situação logo depois que terminou de falar anteriormente.
Aquiles o encarou confuso, junto de Voltten perante aquele clima
estranho, mas James compreendeu quase tudo que estava passando na mente de seu
amigo, afinal foi quase o mesmo que aconteceu a ele quando foi fora exilado a
seus vinte anos.
Todos ficam sérios por um momento longo e agoniante, mas lentamente o
foco de James mudou para os olhos do soldado de Harenae que se encheram de
lágrimas. As mesmas escorriam pelo seu rosto negro enquanto o homem tentava
respirar normalmente.
Ele acabou chamando a atenção de todos ao seu redor com o tempo, sejam
companheiros, empregadas ou os quatro amigos.
— Sabe... – Começou a falar o guarda, tentando parar de chorar enquanto
fala, mas não conseguindo. — Eu também tenho uma filha, ela é doce, gentil e
sempre me abraça quando eu volto do trabalho... não poderia imaginar minha vida
se me separasse dela...
O guarda andou na direção do draconato e ergueu sua mão trêmula,
encostando-a no ombro de Glans que não entendeu o que estava acontecendo.
— .... Você vai voltar para ela. — Afirmou em meio ao choro. — Não sei o
que o Kaf quer com vocês, mas você vai voltar para sua família. Para que eles
possam ver-lhe mais uma vez...
Todos observaram com uma leve alegria e paz a ação do guarda, que
ignorava seu trabalho e demonstrava total humanidade perante aquele que cometeu
algum crime contra seu país.
— Me desculpe... – Disse o guarda, engolindo o choro e se afastando do
draconato. — Acabei me metendo demais nas suas vidas.
— Não precisa se preocupar. — Respondeu Aquiles, compreendendo um pouco
o lado do guarda. — Nós que trabalhamos para proteger um país temos diversos
problemas pessoais, não? Nós não sabemos se iremos voltar vivos para casa e
ouviremos um “Bem-vindo” ou um “Olá papai”. – Aquiles disse de forma séria, mas
estranhamente jogada, como se estivesse a interpretar um papel em uma peça. –
Se emocionar ao ouvir uma história de um pai não deve ser motivo de decepção ou
vergonha, meu caro.
Palmas foram dadas ao discurso do cavaleiro, por meros instantes Aquiles
se sentiu bem perante aquilo, como se fosse o melhor ser do mundo por ajudar a
pessoa que estava a bater palma.
Porém, tal emoção se desfez com uma dúvida profunda aos olhos do
cavaleiro “de quem vinham as palmas? ”.
Ao olhar ao seu redor, o cavaleiro via seus amigos a lhe olhar com uma
leve admiração. Ele viu o guarda a enxugar as lágrimas e algumas mulheres a
tirar a mesa, com algumas delas paradas ouvindo seu discurso.
Porém, ninguém lhe aplaudindo estava ao seu redor.
Foi então, que a figura que aplaudia o cavaleiro entrou na sala tão
suave e lentamente como um ser divino.
Um homem de pele queimada se manifestou.
Ele usava diversos mantos vermelhos que cobriam completamente seu tronco
e pernas, seus braços possuíam véus azuis e suas mãos tampadas por ataduras e
anéis dourados com diversas pedras preciosas, tudo ostentando poder e
importância.
Sua face era ameaçadora, mas incrivelmente calma. Seus cabelos loiros,
possuíam um manto que os cobria atrás. Em sua testa uma granada vermelha embutida na
pele como se fosse uma evolução de uma Bindi.
Junto dele, dois guardas pessoais
armados com afiadas cimitarras em suas cinturas e rústicas lanças douradas em
suas mãos.
Voltten de imediato percebeu a energia mágica que o homem possuía.
Ela era semelhante a aura de Crist, mas ao mesmo tempo diferente,
certamente sendo uma aura ao nível divino vinda de um deus diferente dos que
estava habituado.
— Se-Senhor Kaf? – O guarda assustado se surpreendeu rapidamente com a
aparição repentina do imperador na sala. Rapidamente voltando em posição de
sentido e engolindo as emoções para não ser punido.
— Obrigado por entretê-los até agora, mas você já está dispensado. —
Disse o imperador, cessando suas palmas e recolhendo as mãos de maneira lenta.
O guarda faz reverência ao imperador e saiu da sala junto com as
mulheres que levavam as bandejas. Os quatro se agruparam atrás de Aquiles e
olham com medo e receio para o homem que estava a sua frente sorrindo sadicamente.
Seus olhos pareciam calmos e o sorriso em seu rosto supostamente
simbolizava um bom humor, coisa essa que os aliviava, mas que ao mesmo tempo os
assustava.
— Lindo discurso. — Afirmou Kaf, elogiando Aquiles, que o estranhou
brevemente.
— O-Obrigado. — Respondeu o elfo ruivo, gaguejando de tanto nervosismo,
mas mantendo a postura perante o ser que poderia começar uma guerra com seu pai
com apenas uma ordem.
— Mas me explique uma coisa... – indagou Kaf, fixando o olhar com o de
Aquiles e juntando as mãos de maneira suave.
Aquiles engoliu a saliva de sua boca, a sentindo rasgar sua garganta de
tão seca que ela estava. O suor escorria de seus cabelos avermelhados e
umedeciam sua roupa de prisioneiro que além de rasgada, estava suja de areia e
poeira.
Os amigos estavam na mesma.
James, do lado de Glans, estava sentindo o calor do lugar se misturando
com a tensão.
Como já havia virado padrão de agir naquele país, Voltten mordia os
cabelos enquanto os mesmos faziam-no suar litros, umedecendo completamente suas
vestes verdes.
— P-Pois não, qual seria? – perguntou Aquiles, tão receoso quanto antes,
encarando as íris douradas do imperador.
— Você mencionou que também
trabalha protegendo um país... – fala Kaf, ocasionando uma espécie choque
mental em todos os que o ouviam no local. – Poderia nos afirmar qual país seria
esse?