Nota do autor. Isso é apenas uma mensagem do autor, pode ignorar se preferir. Ola, desculpe se eu parecer ignorante ou irritado, mas é só um ponto de vista que me deixa meio desanimado em alguns pontos. Eu sei que não é obrigação de ninguém, mas é meio desanimador ver os analytics e comparar as visualizações com os comentários. Sei que é comum esse tipo de coisa, mas da a impressão de que eu estou escrevendo apenas para maquinas verem, claro que agradeço a quem comenta e interage, em especial o Paragon e o ClayMan e a toda comunidade do discord. Acho que isso é só um convite pra trocar ideias nos comentários, mas de novo, ninguém é obrigado a nada. Bem, espero que gostem do capitulo, Say ya
Nota do autor². Estou iniciando um novo projeto pra complementar a historia de Evalon, no caso vai se tratar de uma serie de pequenos complementos pra um assunto especifico da historia ou respondendo alguma questão em especifico (podendo ou não possuir spoilers, mas isso eu planejo avisar antes, então não se preocupem). Já tem uma postagem relacionada que seria a edição 0, a medida que vou postando eu divulgo aqui, então pra quem se interessar segue o link. https://saikaiscan.com.br/news/45-anos-de-evalon-divine-notes/198
—
Quando o papai vai voltar?
— Não sei.
— Mas ele não volta a quase
um mês.
— Ele está em uma missão.
— Mas quando ele volta?
— Já disse que eu não sei.
— Mas senhora Sansa...
— Crist, por favor, se
concentre em seus estudos e foque em aprender. – Disse Sansa vagamente irritada
com o uso da denominação de “senhora”, finalmente entendendo o que Cérbero
queria dizer.
Cris olhou para os livros em
sua frente, passando os olhos pelas palavras de um que havia aberto.
O fogo da lareira do lugar
deixava a temperatura da sala agradável para as duas. Mas a mente infantil,
sagaz e malandra da criança lhe fazem se desvirtuar de seus afazeres.
A distração da maga real foi
proporcionada pelos seus inúmeros relatórios que estava escrevendo.
O foco de Sansa em outra
coisa deu a deixa perfeita para um breve cochilo em meio a seus deveres.
Sansa se distraiu com as
folhas espalhadas sobre a mesa, boa parte relatava alguma lei descumprida ou
algum problema em determinada região, coisa essa, que era vista por Ortros e
seu irmão, mas agora, em tempos de crise com os escolhidos, foram direcionados
a ela.
Em alguns segundos, o foco da
maga foi tomado por um livro que estrategicamente cobria o rosto de Crist por
completo.
— O livro é uma boa leitura,
Crist? – a maga questionou, tentando chamar a atenção da escolhida que
supostamente deveria estar estudando.
Nada foi dito pela criança
por longos segundos.
— Crist? – Insistiu Sansa.
O fogo estalando na lareira
camuflava o silêncio e a decepção da maga real veio à tona.
Sansa levanta da cadeira que
estava e olhou para o rosto dormente da jovem que estava quase a babar nos
livros que usava como travesseiro.
A maga real deu um suspiro de
cansaço e decepção com a criança, mas acabou por ceder e a pegou no colo, abrindo
a porta da sala que estava e a carregando até seu quarto no enorme castelo de
Cartan.
– Papai... você voltou... –
Disse a criança, apalpando o pescoço de Sansa e o abraçando.
Era estranho para a maga uma
criança em seu colo. Sansa possuía apenas vinte anos e foi criada quase que
totalmente reclusa da sociedade.
O máximo de interação com
homens que teve foi com seu irmão, Ortros e Cérbero, o resto fora apenas coisas
superficiais como ordens dadas para guardas ou conversas rasas com crianças...
exceto uma que de fato era sólida, sua relação com Voltten.
Voltten tinha sido seu
companheiro de leitura a meses, ele se tornou uma espécie de melhor amigo,
mesmo ela ainda estando confusa sobre isso, ela o considerava muito.
Aquela criança em seu colo
era uma sensação calorosa, uma sensação confortante, uma sensação extremamente
boa.
Nunca havia passado em sua
mente ter um filho ou algo assim, mas aquela sensação mexia um pouco com ela de
uma forma peculiar.
Por coincidência ou para o
mero ato do destino, ao sair do quarto de Crist, Sansa acabou se deparando com
Ortros e Parysas que lhe mostraram os dentes em um sorriso ao verem.
— Por que toda essa
felicidade? – Questionou a maga real.
— Poderíamos responder, mas
porque você não está sorrindo agora? – Perguntou Parysas, ao ver o rosto
pensativo e envergonhado da irmã.
Sansa de imediato ficou
corada, mas logo balançou a cabeça, ajeitando o chapéu e pondo um sorriso no
rosto.
— Tivemos um dia difícil
hoje. — Explicou Parysas, emanando seu sorriso encantador logo depois de falar.
— Decretos, tratados, crimes,
demônios atacando, tendo que proteger e realizar selos e mais selos de
proteção... — Listou Ortros em desânimo, sacando de dentro de suas roupas uma
carta. — Parece que estamos vivendo o início de uma guerra.
— Pelo menos estamos estáveis
no castelo. – Sansa afirmou, se escorando na parede da porta do quarto de
Crist. – Crist e Bellator estão sob meus cuidados, apesar de ser a mais fraca
de nós já é uma proteção direta.
– E o terceiro escolhido está
trancafiado com Merlin desde que chegou quase. – Parysas suspirou. – O mesmo
não quer falar nada nunca, não podemos fazer nada, ele é inúmeras vezes
superior a nós...
– Ele aparentou ter uma boa
relação com Voltten em uns pontos. – Sansa afirmou desanimada. – Eu tento
conversar com ele também, mas o mesmo parece só se importar com ele, e esse
“importar” é algo bem superficial ainda por cima.
Ortros observou os dois
suspirarem em tons depressivos.
— Enfim, adivinhem o que é
isso? – Ortros ergueu a carta na altura de seus ombros tentando animar os dois.
— Uma carta? – Perguntou
Parysas, com uma leve dúvida.
— Sim, mas de quem ela é? –
Questionou Ortros novamente.
Sansa olhou rapidamente para
o papel e sentiu na hora de quem era o remetente.
— Senhor Cérbero! – Sansa
pegou a carta da mão do falso rei.
— Acalme-se, apressadinha. —
Disse Ortros, começando a se afastar dos dois irmãos. — Meu irmão mandou isso
para vocês, então é justo que só vocês leiam.
– Não vai querer nem saber o
que se trata? – Parysas perguntou curioso.
– Não, obrigado, se é de meu
irmão já tenho ideia de como vai ser. – Ortros se afastou pelos corredores do
castelo. – Estou indo, tenho trabalho a fazer, até logo.
— Adeus! — responderam
Parysas e Sansa.
O paladino real pegou a carta
das mãos da irmã e abriu o envelope que quantia a mensagem do amigo e mestre
dos dois.
Sansa puxou os braços do
irmão para que ela também pudesse ler a carta.
— Ei, se acalma. — Reclamou
Parysas, puxando seus braços de volta.
— Então leia em voz alta. —
Pediu a irmã.
Caros Parysas e Sansa, ainda estão vivos?
— Sem dúvida é o Cérbero, só
ele começaria uma carta assim. — Comentou Parysas, dando uma pausa em sua
leitura. Nota do Revisor: Realmente, é
a cara do Cérbero começar assim…
Bem, as coisas aqui em Kranbar estão monótonas
como sempre. Argel faz suas coisas, eu o protejo e fim. Sinceramente, nada de
mais está acontecendo, nem mesmo os demônios estão a atacar a vila ou algo
assim.
— A vila não tinha sido
destruída? – Questionou Sansa.
— Pelo que eu vi, estão a
reconstruindo, mas não sei como está agora. — Respondeu Parysas.
Estou seriamente pensando em fugir daqui, mas
sei que Ortros não vai ficar nada feliz com isso e vai me buscar aonde quer que
eu esteja. Também acho que os dois pupilos adoradores do reino ficariam, não?
Hahahha,
Estamos próximo ao final do ano, acho que vou
ter que pegar algo para comprar como presente, querem o que? Vocês sabem que eu
consigo dar qualquer presente.
Só mandem a carta que eu peço pra alguém ir para
entregar, não deve ser difícil mandar um guarda ou ir correndo pra aí num dia
livre, hahaha.
Mas eu acho que é só isso, não tenho muito a
dizer, infelizmente, mas espero que tenha sido bom um sinal de vida meu, já faz
um tempo desde a última vez.
Assinado: Cérbero.
Ps: Falem para o Ortros fazer aquilo todo dia,
ele vai entender o recado.
— “Aquilo”? – Questiona
Sansa. Nota do Revisor: O que diabos é que o Ortros anda fazendo???
— Ele falava disso nos
últimos meses que ficamos em Kranbar, nunca entendi o que “Aquilo” significa. –
Disse Parysas pensativo. – Parece um código entre irmãos.
Sansa ficou pensativa por
alguns segundos.
— Devemos criar um código
para nós também. — Afirma a maga, determina a fazer o irmão aceitar aquilo.
— O que? – pergunta Parysas
confuso.
— Já sei! “Unidos até os
ossos”.
— Isso é um trocadilho com
nosso nome? – Perguntou Parysas, fazendo a relação entre “Ossium” e “Ossos”
— Talvez. — Respondeu Sansa,
afirmando a pergunta do paladino.
Parysas olhou para a irmã que
o encarava com um olhar fofo penetrante, o fazendo ceder a sua vontade.
— Unidos até os ossos. —
Afirmou o paladino real, colocando um sorriso ainda maior no rosto da irmã que
o abraçou com força, ele apenas a abraçou de volta.
Os gritos animados dos dois
irmãos ecoam pelos corredores do castelo de Cartan, chegando aos ouvidos
aguçados de Ortros que, querendo ou não, os escutou.
Os sons das vozes nostálgicas
vieram a mente do falso rei que lembrou quando eles ainda eram crianças
inocentes e burras.
Anos atrás eles ainda nem
conseguiam um elo com o mundo mágico, mas hoje eram reconhecidos na região como
os melhores usuários de magia depois dele e de seu irmão... título esse que
antes era ocupado exclusivamente pelo seu pai.
Ah, Gastor Ossium... aquele
nome era algo que ainda repercutia nas mentes conturbadas dos gêmeos, mas que
parecia se aquietar nas dos demais que o conheciam.
O Mago Branco, aquele que era
um dos trunfos nos exércitos de Kaplar, conseguindo fazer até mesmo os gêmeos
se impressionarem.
Cérbero havia o treinado, ele
que foi seu segundo pupilo e não tão concidentemente, o segundo mais forte.
Logo após sua morte e a de sua esposa, Parysas pediu para se tornar o próximo
pupilo logo aos dez anos, Sansa fez o mesmo aos sete.
Ortros nunca sabia dizer
sobre a verdadeira intenção de seu irmão ao treinar pupilos manualmente, afinal
sabia que os dois poderiam passar informações e táticas de combate por meio de
magias.
Porém,
seu irmão aparentava sempre querer gastar anos de sua vida a ensinar as
pessoas, vê-las crescer e a ter uma vida normal. No fundo de suas teorias, o
falso rei sabia do que se tratava essas vontades inconscientes.
Os tempos antigos se foram há
muitos anos. A simples época em que os dois nem possuíam nome. A época em que
os dois não tinham rumo mesmo tendo um.
– Pai... – Murmurou Ortros,
tirando uma segunda carta de seu bolso. – Vamos ver o que você realmente quer,
irmão.
Você está vendo isso longe das crianças, certo?
Eu não quero alarmar muito, mas a transferência
de Argel para Monssolus já está agendada, não deixe ninguém saber disso, claro.
Pelas suas mensagens nenhuma pessoa aí está livre de possessão.
A lua de sangue foi há quase seis meses. Os
demônios já começaram a se procriar igual coelhos, cuide dos bordéis ou
estalagens, muita luxúria vai infestar a capital.
Quantos mais possuídos os demônios tiverem, mais
eles vão se procriar.
Em meados do final do próximo ano, quando os
demônios fêmeas parirem suas crias, vamos ter um grande problema de super
lotação do exército inimigo, talvez necessitemos de uma evacuação.
Chuto que está problemático proteger a capital
agora, mas em alguns meses só irá ficar pior.
Se bem que, até lá já teremos todos os
escolhidos em mãos, só precisaríamos resolver o caso da separação deles e
ficaremos em paz.
Eu sei que estou falando o óbvio, mas eu queria
te lembrar isso.
Assinado: Cérbero.
Ps: Não se esqueça de fazer aquilo. Nota do
Revisor: O QUE DIABOS É AQUILO???
Ps²: Eu pretendo sair para ir visitar a nossa
casa na virada de ano, mesmo que Argel não esteja em Monssolus. Não estou
pedindo permissão, estou avisando.
– Hum... – Ortros focou as
energias mágicas em sua mão, emanando uma pequena chama de seus dedos que logo
se espalha para a carta e a queima por completo.
A antiga casa dos gêmeos. Uma
ruína vazia, onde só restaram suas lembranças. O antigo Berço da Criação.
Atualmente um lugar frio e
vazio, mas que significava tanto para os dois gêmeos que, mesmo com
mentalidades diferentes, ainda possuíam as mesmas origens.
Ortros não podia culpar seu
irmão se o mesmo abandonasse o reino apenas para ver a velha moradia, apenas
não faria o mesmo.
O falso rei passou a mão em
seus olhos, enquanto se focava em voltar ao que era o verdadeiro Ortros do
passado. Ele passou os dedos pela cicatriz, sentindo o esticar e moldar de sua
face em uma nova mais emotiva.
Apalpando seu rosto de forma
deprimente, o falso rei sentiu aquela expressão nostálgica.
– Somos nós dois agora,
irmão... – Murmurou Ortros, se recompondo e voltando a face de Argel. – Nada
pode mudar o que fizeram com o pai, apenas devemos seguir em frente.
Mesmo sozinho e sem ninguém a
vê-lo, Ortros escutou silenciosamente em sua cabeça.
“E matar aqueles que o
mataram.” Era como se Cérbero estivesse a sussurrar em sua mente, mas ele sabia
que não era algo mágico ou invasão mental e sim pura nostalgia.
– Um dia. – Ortros afirmou
para si mesmo em tom de seriedade. – Um dia iremos.